O SORRISO

Há cerca de seis meses a bebê recém-nascida Isabel abandonou seu devaneio intrauterino e passou a reparar nas pessoas que vão e vêm no prédio de tijolinhos, onde mora.

Indistintamente, abre um sorriso ao ver alguém, gente ou animal (de asas ou não).

Ela está confortável em seu corpo, a cabeça livre das ideias que enchem a telha da gente e acabam afastando o riso imediato diante de tudo que existe e está em movimento.

Chova ou faça sol, lá está ela. Feliz.

Nem completou um ano de vida.

Mês passado, quando notei que metade do pessoal do prédio era eleitor do Bolsonaro, pensei: não vou mais escrever. Deixa pra lá.

Continua igual. Metade do Brasil é Bolsonaro. Calhou que Lula foi eleito.

Mas o sorriso de Isabel é mais forte que a inércia que nos leva à morte. Afinal, ela cumprimenta tudo que se move sob o Sol e a Lua. E grita de entusiasmo.

Isabel é a vida, chamando para o riso, a festa, o abraço. Olhe para o outro lado, e passou… Por isso esse texto.

Deixe um comentário