OLHAI OS PÁSSAROS NO CÉU

Minha mãe Jandira Grous Iori (1929-2011) tinha dois heróis na política. Um, Carvalho Pinto (1910-1987), foi governador do Estado entre 1959 e 63 e a ele Jandira atribuiu por toda sua vida as escolas públicas na periferia da cidade, que permitiram a educação dos filhos.

Outro foi Mário Covas (1930-2001), prefeito biônico em São Paulo entre 1983 e 85 responsável por tanta coisa, de saneamento básico (lembrança remota) a uma poética revoada de espécies de pássaros nativos do Sudeste do país. Foi ele que mandou soltar pássaros em toda a cidade, lá se vão 40 anos. A natureza fez o resto.

Isso aconteceu numa época em que a cidade, da periferia ao Centro, andava às voltas exclusivamente com pardais, aqueles passarinhos cinzentos que não cantam. Delicadezas desse tipo conquistam os eleitores para sempre e por vezes custam tão pouco.

A primeira gratuidade de passagem para idosos em transporte público foi obra de Covas. Até hoje lembro porque minha mãe nunca me deixou esquecer. Depois vieram Erundina, Marta Suplicy, sei lá quem mais. Covas foi o primeiro, garantia dona Jandira.

Lembrei da delicadeza política de Mário Covas semana passada, quando meu marido Vavá flagrou um grande pica-pau no jardim do prédio (vejam as fotos meio artesanais). Com certeza, foi atraido pelas frutas que nosso vizinho Fábio Pontin (apto 506) diariamente coloca para alimentar os sabiás. Conheça a história de Fábio.

Não é o primeiro. Pela foto, é uma fêmea de pica-pau anão escamado. Já nos visitou um pica-pau enorme, de cabeça vermelha, e temos como vizinhos sabiás. Esses moram com a gente aqui no Tijolinho.

De manhã e de tardezinha, quando o sol aparece ou vai embora, estamos cercados por belos pássaros que há mais de 40 anos repovoam este lugar. Graças a Mário Covas?Deus o tenha.

biônico – assim eram chamados políticos indicados a cargos públicos nos municípios e Estado durante o regime militar brasileiro, entre 1964 e 85.

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