POESIA NO SUCESSO DE KATE EM ‘VAI NA FÉ’

Continuo advogando minha tese . É melhor nascer no meio de um século e assistir como adulta o limiar de um novo período de cem anos. Por exemplo: se eu tivesse nascido no início do século 20, teria existido entre guerras e morreria durante crises econômicas, sem esperança num mundo melhor.

No entanto, nasci nos anos 60 do século 20. Desse modo, posso ainda experimentar a revolução tecnológica em curso no século 21. De quebra, há sinais de melhora. Um deles: hoje os meios de comunicação se esforçam para se igualar à realidade, pelo menos na aparência das imagens. De forma que vemos todo dia nas telas pessoas iguais às que vivem ao nosso lado há séculos, nos ônibus, na rua, enfim, por aí.

Agradeço ao destino por ter visto na TV graças a isto uma atriz negra que me traz alegria diariamente, Clara Moneke, 24, a Kate da novela Vai na Fé (Globo), anunciando no Domingão do Huck o blog de sua avó poetisa, Maria de Lourdes Pereira Mariano, 86, que mora em Seropédica, Rio de Janeiro.

Assim, não fosse o livro impresso, as telas, o gadget, o aplicativo e principalmente, a competência humana em defender a vida e o amor, e eu jamais nesta vida teria cruzado com a poesia de Dona Lourdes. Qual a importância disso? Não sabe, bidu?

Pode ser que seja ilusão. Telas existem que me contam que os homens se preparam para a guerra, que o aquecimento global enfim é irreversível, que estamos sós ou pior, cercados de potenciais inimigos interplanetários. Como disse Carl Sagan, o rei do discurso competente da ciência: melhor sós.

Melhor… mesmo é a poesia de dona Lourdes, lá de Seropédica:

“Lençóis de água se aproximam/ traz junto a esperança final/ estar ao seu lado faz parte/ de um sonho quase real.”