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Não dá pra esquecer…

BRIGA DE FAMÍLIA CHIMPANZÉ ECOA EM HOLLYWOOD

Desde que a emissora estatal inglesa BBC estabeleceu o alto nível de documentários sobre a vida animal, na segunda metade do século 20, cada vez mais a tecnologia avança e nós espectadores somos surpreendidos com imagens de tirar o fôlego, por sua raridade e beleza.

Há quem desconfie da efetividade desse gabinete de curiosidades ultra HD obtido em inglês nas florestas do planeta. É o que tem acontecido com o impactante documentário em quatro episódios “Chimp Empire” (Império do Chimpanzé), que segue a população de chimpanzés Ngogo, em Uganda, na África. Desde quarta (19/04), está em exibição no Netflix.

Sob a luxuosa narração de Mahershala Ali, ator duas vezes ganhador do Oscar, e sob a direção de outro Oscar, o cineasta James Reed, sul-africano vencedor em 2020 por My Octopus Teacher (também Netflix; veja aqui), o documentário atual analisa como dois grupos diferentes funcionam na sociedade dos chimpanzés: um maior, embora frouxamente ligado, e o outro, menor em número, mas mais leal e menos hierárquico.

Sabe-se lá o que anda por trás das discussões em Hollywood com foco sobre os magníficos documentos naturais obtidos à gigantesca distância ou nem tanto assim. O fato é que agora o pessoal resolveu cobrar dos realizadores um “making of”, documentos que transformem imagens em acontecimentos plausíveis.

Nada sei dos bastidores, nem tenho as fontes de Gore Vidal ( rss). Acho que o documentário é divino, semelhante a outros tantos que tenho visto, e que James Reed, o cineasta sul-africano, é um militante ambientalista sensacional.

SHAZAM CONTRA FÚRIA DE DIVAS

Se os super-heróis têm algo em comum, além de capas e habilidades extraordinárias, são inimigos memoráveis. Como o título revela, a estreia mundial de cinema do fim de semana, o filme “Shazam! Fury of the Gods”  arrebentou no item antagonista: são nada menos que três divindades imortais, no plural.

São elas a majestade vencedora do Oscar Helen Mirren, 77, a ex-pantera Lucy Liu, 54, e a caçula do grupo Rachel Zegler, por volta dos 30.

 Todas as três divas estão na captura do herói superdimensionado. Acredite, as antagonistas são divas da vida real. Afinal, quem não quer ver Helen Mirren fantasiada como filha de Atlas, Hespera, irmã mais velha e mandona da… beldade Lucy Liu, no papel da dura deusa Kalypso. ??!!!

Como se não bastasse, a atriz Rachel Zegler, de “West Side Story”, interpreta a irmã mais nova Anthea, cuja relação com os humanos é mais ambígua.

É assim que Billy Batson (Zachary Levi), cujo nome de super-herói é Shazam (este lançamento é sequência de “Shazam!” de 2019), e seus amigos se veem lutando contra as filhas de Atlas enquanto fazem o tipo de coisa que seres mitológicos loucos por poder costumam fazer: liberar bestas gigantes, achatar cidades e apontam ameaçadoramente para longe.

O diretor do filme, David Sandberg, disse que escolheram simplesmente os melhores para o elenco. Acabou sendo Helen Mirren e companheiras de elenco. Embora sejam três, as antagonistas foram denominadas como gênero masculino, “gods”, no título do filme.

ANIMAÇÃO JAPONESA NO NETFLIX

Escondido atrás de uma imensidão de lançamentos semanais que desaparecem da memória assim que assistimos, está disponível na Netflix um clássico do anime japonês, “Nausicaä do Vale do Vento” (1984).

Trata-se de uma animação, fantasia pós-apocalíptica escrita e dirigida em 1984 pelo artista de mangá japonês Hayao Miyasaki, dois anos depois de sua publicação em papel.

Na história, mil anos se passaram desde os Sete Dias de Fogo, nome que se deu a uma guerra apocalíptica que destruiu a civilização e deixou um legado devastador, área denominada Toxic Jungle, floresta venenosa repleta de mutantes, antigos insetos agora gigantes.

Este é o cenário em que se movimenta a princesa de 16 anos chamada Nausicaä, que espera entender a selva e encontrar uma maneira de ela e os humanos coexistirem.

Assista o trailer. Se gostar, confira o filme em Netflix.

SERIADOS PARA REVER AGORA

Faz uns 15 dias que estou revirando tudo em casa. Além de fotos, revi seriados antigos, ri à beça lembrando manias minhas. Sabe o que uma vez eu cismei aprender? Diferentes nós de marinheiro. Claro que esse projeto jamais saiu do papel por total incapacidade minha.

Quando criança, desejei ainda aprender a costurar. Minha mãe, exímia costureira, não me ensinava, queria que eu só estudasse etc. Resultado: a única escola em que fui sumariamente expulsa por total incapacidade foi a de corte e costura.

Daí para frente, passei a infância entregue à escola, televisão e long plays de meus irmãos mais velhos. Sei um bocado de segredos dessa época. Contarei alguns.

HINO DO NATIONAL KID

A primeira e segunda temporadas do seriado japonês National Kid, febre da TV nos anos 1960, estão disponíveis na Amazon Prime. Aqui vai uma palha. Pouca gente sabe a letra do hino do seriado e a tradução. Eu sou uma destas pessoas. Auika, incas venusianos!

Kumo ka arashi ka

Inazuma ka

Heiwa o aisuru

Hito no tame

Moro te o takaku

Sashi nobete

Utchu ni habataku

Kaidanji

Ho! Sono na wa kido!

Hei! Nacionaru Kido

Bokura no kido, kido!

Nacionaru kido!

Agora vamos todos cantar o hino….

Aqui vai a tradução: É uma nuvem? É uma tempestade?/É um relâmpago?/Para as pessoas/ que amam a paz/ eleva as mãos/ para o alto/ o super-herói/ que bate asas no universo/ Ho O seu nome é Kid!/ Hei! O Nacional Kid/ O nosso kid, kid! National Kid.

E ESSAS ORELHAS, SPOCK?

Belo dia em que meu filho ganhou de presente a caixa com a coleção completa do seriado Stark Trek -em português, Jornada nas Estrelas, não os filmes da franquia, mas os episódios da série versão anos 1960, estrelado pelo ator William Shatner. O astro da série voou por 10 minutos em nave do bilionário Jeff Bezos, da Blue Origin, em outubro de 2021.

Valeu o presente, porque de carona com ele vivemos de graça alguns episódios mágicos. Adivinha quem assistiu todos os episódios da caixa? Não foi meu filho. A Netflix também disponibiliza a série original.

Elenco multirracial

Na série, Shatner era o Capitão Kirk. Nunca foi definida a data em que se passava a série. Era sempre a frase “diário de bordo, data estelar….” seguida de uma sequência aleatória de números. A opção foi do criador Eugene Wesley Roddenberry. Também foi dele a orientação de que a nave em que viajava a equipe, a Enterprise, nada tivesse a ver com as naves produzidas em estúdio nos anos 1960.

Deu certo. A nave desenhada por Matt Jefferies é o primeiro não foguete de séries de ficção. E até os longas atuais da franquia reproduzem seu desenho.

A equipe no interior da nave era multirracial e os dramas interiores de seus personagens transpareciam a cada aventura. A luta do mestiço interplanetário Spock para sufocar seu lado emocional humano e atrasado. A ousadia de Kirk, a humanidade do médico McCoy. A sala de comando da nave era uma família em crise: na navegação, orientais e um americano “jeitão caminhoneiro”. Spock dividia a assessoria ao Capitão Kirk com a Tenente Uhura, mulher negra que integrava a equipe.

Eu sei até porque o personagem Spock, de mãe terráquea e pai vulcano, tem orelhas pontiagudas. É que a atmosfera do planeta Vulcano é fina e os sons se propagam com dificuldade. O planeta de origem do orelhudo é 40 Eridiano, também conhecido como Vulcano. Spock é filho do embaixador Sarek e da terráquea Amanda Grayson.

Spock só teve um amor na vida, T’primg, sua prometida desde os sete anos. Os vulcanos têm um ciclo sexual que se repete a cada sete anos. É chamado de Amok Time. Spock perdeu sua única chance em 78 episódios porque T’primg não o quis.

Capitão Kirk foi o primeiro ator a protagonizar um beijo interracial na TV americana – uma bitoca na Tenente Uhura. A cena, no entanto, foi censurada. Caramba.

ANIMAIS PODEM SURPREENDER

Se até o trailer do documentário já contou, não é novidade: o homem-urso morre no final. O legal é mesmo saber como e o porquê . O documentário O Homem-Urso, do alemão Werner Herzog, lançado em 2005, ficou fora do circuito comercial. O aluguel no Youtube sai por R$ 6,60. Trata-se de uma nova versão de tema recorrente na obra extensa e genial do cineasta de 79 anos: o choque desigual em lógica e intensidade entre nós, humanos, e a natureza, que desconhece e ignora nossas motivações (consideradas) racionais.

Treadwell chamava urso de Chocolat; tratou fera como pet

Entre as obras mais conhecidas do expoente do Novo Cinema Alemão, está Fitzcarraldo, prêmio de melhor direção em Cannes (1982), uma alegoria estrelada pelo ator Klaus Kinski na Selva Amazônica.

O documentário trata sobre a vida e a morte de Timothy Treadwell, considerado ecologista e pesquisador de ursos pardos. Por 13 verões consecutivos, Treadwell foi para o Alasca viver desarmado entre esses animais. Mas ele e namorada perderam o vôo e ficaram presos no Alaska no final de setembro, início do inverno, quando os ursos pardos iniciam hibernação.

Em outubro de 2003, os restos mortais de Treadwell e de sua namorada Amie Huguenard foram encontrados pelo amigo e piloto que deveriam trazê-los de volta. O casal fora devorado por um urso, o primeiro caso registrado de ataque no Parque Nacional e Reserva Katmai, na península do Alasca.

Nos últimos cinco anos, Treadwell documentou sua viagem com uma câmera e produziu mais de cem horas de filme. Esse material foi utilizado por Herzog para explorar sua personalidade e levantar questões sobre a difícil relação entre homem e natureza.

Treadwell e a namorada foram mortos

CRIANÇAS CAÇAM FANTASMAS EM LA

A boa notícia é a nova temporada de 2023 de City of Ghosts, de Elisabeth Ito, desenvolvida pelo estúdio Chromosphere, em Los Angeles (EUA).

Pista de skate já é coisa do passado e pode ser assombrada

City of Ghosts, a primeira temporada de seis episodios, parte do princípio que Los Angeles, a cidade, é assombrada. Isso é metafórico e literal. Los Angeles, como qualquer cidade, está repleta de histórias invisíveis para o recém-chegado ou mesmo a olho nu do nativo. Uma loja que agora é uma coisa costumava ser outra; uma casa onde agora vive uma família costumava ser ocupada por outra pessoa e por alguém antes dela; um bairro definido pela presença cultural de um grupo de imigrantes costumava ser definido pela presença cultural de outro; áreas gentrificadas antes não eram; edifícios contemporâneos estão sobre os túmulos de antigos, perdidos no tempo por razões comuns ou nefastas. A série de Ito busca contar algumas dessas histórias, e os personagens que as contam são, simplesmente, fantasmas.

Tem até fantasma praticante de skate de rua, hoje esporte olímpico. E eles contam versões da cidade que as crianças não conheceram. A ideia é genial. A concretização, idem. Um grupo de crianças, o Ghost Team, segue relatos de fantasmas em bairros da cidade. A ideia é de Ito, que quando criança diz ter visto um fantasma e contado a seus pais, que jamais acreditaram em sua história. Ito é vencedora do Emmy pela série “Adventure Time”. Eu não conheço.

As imagens são fusões entre fotos de locações reais de Los Angeles. Para compor as historinhas ambientadas em diferentes regiões, Elisabeth Ito contou com a ajuda do escritor Jenny Yang, que estudou política urbana em UCLA, uma maneira de identificar o que acontece na cidade e a importância de mostrar as transformações para crianças. As personagens são Zelda, Thomas, Eva e Peter.

Zelda entrevista uma fantasma nada assustadora