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Você devia ler isso…

HISTÓRIAS DE VIDA, AVENTURA E SUPERAÇÃO

Este ano tive ao menos duas boas surpresas no saguão do prédio conhecido como Tijolinho, onde moro e local onde vivem os autores das surpresas.

Primeiro, ganhei da minha vizinha Jussara Corrêa o livro em que narra suas memórias recentes, Na Mochila da Zhu – Viagens, Aventuras, Escolhas (Ofício das Palavras). A mandala desenhada acima é uma das ilustrações do livro, todas da própria Zhu.

Zhu é como a Ju da porta ao lado era conhecida na China. O livro narra sua vida de andanças pela Tailândia, Maringá, China, Santos, Coréia, França.

Da prática de ioga a aventuras em Shangai, Zhu nos leva com ela e conta o que aprendeu ao trabalhar e viver entre asiáticos em viagens periódicas por cinco anos, até ser interrompida pela pandemia em 2020.

Entre as coisas que aprendi, está o número “1314”, que significa “para sempre”, como ela contou. Zhu é designer industrial, e trabalha com estamparia de tecidos. Daí suas viagens para formar parcerias e intercâmbios.

Recentemente, outro vizinho lançou uma autobiografia não-convencional: trata-se do neurologista Wilson Luiz Sanvito, que publicou “O Meu Reencontro com o Passado: Recuperação de Memórias Essenciais” (Editora dos Editores).

Doutor Sanvito, como é conhecido, vai a pé diariamente até seu trabalho no Hospital Santa Casa. Além de seu trabalho como médico, foi por mais de 40 anos professor titular da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, atualmente livre-docente e Professor Emérito da mesma instituição.

Seu livro atual é uma reunião pouco ortodoxa de suas impressões como cidadão, médico e educador durante 86 anos de vida no interior (que ele chama de “Brasil profundo”), capital e exterior. Além disso, reúne textos vários, escritos entre mais de 200 trabalhos científicos e 20 livros publicados.

Impressiona muito a dimensão catastrófica que Sanvito atribui à influência mundial do que ele chama “complexo médico-industrial”.

Coloca no mesmo patamar laboratórios farmacêuticos e a indústria militar, os dois corresponsáveis da dissolução do equilíbrio humano, a nível individual e global.

Sanvito fala do alto de quase um século de experiência na observação a fundo de nós, que trocamos nossa saúde e decência por qualquer ilusão de conforto ou alívio. Saúde, bem-estar e conhecimento não se compram em farmácia ou outro lugar.

São objetivos que não têm preço.

SEMENTES SÓ OBEDECEM LUZ E CALOR

Enquanto morcegamos sob o sol, mistérios milenares cercam as inexpugnáveis sementes -por vezes tão duras, mas que se abrem docemente a um toque da água ou da luz da manhã. Quem estuda segredos desenvolvidos pelos organismos no passado geológico da Terra dedica-se à paleobiologia.

O segredo das sementes foi um dos temas tratados em Lab Girl (2016), livro de memórias da geoquímica e bióloga Hope Jahren, premiada cientista norte-americana que hoje ocupa uma cátedra na Universidade de Oslo, Noruega.

Ela fala (para mim, durante a pandemia em 2020) sobre seu amor pelas plantas, solo e sementes. Explica como surgiu e cresceu sua ligação com a pesquisa científica. Do encontro com seu parceiro de laboratório e alter-ego, Bill Hagopian, e de seu casamento aos 32 anos com outro cientista, Clint Conrad.

Devorei o livro com quem lê um romance apimentado. Chorei de tristeza quando Hope troca a camaradagem entre ela e Bill pelo romance com um cientista loiro e bonitão em Honolulu, no Hawaii.

Inesquecível, no entanto, é o relato de como, após dias de duelo entre ela, uma máquina laser e uma sementinha, abriu-se para Jahren uma “janelinha” do conhecimento que permite a nós humanos entender um pouco melhor a natureza.

Ao ler sua história, compreendi como torna-se fácil entre pessoas geniais desenvolver características descritas como bipolaridade pela psiquiatria. Jahren teve episódios maníacos. Mas deve ser difícil viver a chatice do dia a dia depois de tocar o céu. E ela tocava o céu enquanto chafurdava na terra, cavando buracos pelos EUA em histórias hilárias, ao lado de Hagopian e seus alunos.

Hope Jahren / foto Ressler Photography 2

Hope Jahren passou a infância em uma pequena cidade no Estado de Minnesota, onde havia neve nove meses por ano. Seus bisavós vieram da Noruega. O pai ensinava física introdutória e ciências numa faculdade local. Com o pai, no laboratório em que ele trabalhava, aprendeu as regras e procedimentos científicos que jamais abandonaria.

Jahren narra a sucessão de aventuras em seu trajeto com universitária e pós-graduanda, em empregos como professora, onde se equilibrava entre surtos de depressão maníaca que atrapalhavam seu desempenho e obstáculos por vezes absurdos de cientistas em busca de financiamento para desenvolver se trabalho.

A narrativa é permeada por seu amor pelo objeto de estudo: as árvores, essas máquinas, “inventadas há mais de 400 milhões de anos”, que criam açúcar a partir de matéria inorgânica – máquinas maravilhosas das quais a própria vida humana depende .

O mapa direcionado ao coração das sementes foi apenas um dos acertos da cientista que trabalhou com professora e pesquisadora em Georgia Institute of Technology e na Johns Hopkins University. Lecionou na Universidade do Hawaii, em Honolulu, entre 2008 e 2016, e lá construiu o chamado Isotope Geobiology Laboratories, com apoio da Fundação Nacional de Ciências, Departamento de Energia e o Instituto Nacional de Ciências, nos EUA.

Sei lá o motivo, mas pensei em Hope Jahren quando li o livro em que Rita Lee narra o fim de sua vida, ao enfrentar a doença pessoal e a endêmica em 2021 até hoje. Que pena a gente não ser capaz de transmitir nossos dados em carapaças hermeticamente fechadas, resistentes a todo o mal, e sensível apenas à beleza, luz e calor.

Se Deus quiser, a Rita Lee volta semente.

JUST KIDS DE PATTY SMITH

Quando comecei a praticar ioga, em meados do século 21 (uau, quanto tempo faz!), meus companheiros me acharam a cara de Patti Smith.

Para quem nunca ouviu falar, trata-se da norte-americana acima, e esta é a foto da capa de seu disco de estreia, Horses, lançado em 1975.

Três décadas depois desta foto, na época do meu grupo de ioga, eu não gostei da comparação. Vamos rever os motivos.

Primeiro, claro, Patti estava (era) era meio andrógina demais, de gravata, paletó nas costas, cara de mau. Patti Smith no Brasil era reconhecida como participante do movimento punk de Nova York, o que historicamente representava a raspa da fonte criativa da Inglaterra nos anos 80. Mas será que o pessoal me julgou como homossexual (?), pensei.

Ok, eu gosto de rock , cheguei a trabalhar na primeira equipe da MTV no Brasil, em 1990/91, mas Patti Smith jamais frequentou o cenário videoclipe, nem o mundo rock’n roll.

Outro motivo: ela não é muito bonita. Eu também não, mas na época fiquei puta.

Tudo isso para dizer que apenas em maio deste ano da graça de 2023 me dignei a ler “Just Kids”, lançado em 2010, autobiografia sobre os primeiros anos da poetisa em Nova York, nas décadas de 1960 e 70.

O livro tem como pano de fundo a história de amor entre Patti e o fotógrafo Robert Mapplethorpe, que morreu décadas depois, vitimado pela AIDS em 1989.

Eu amei o livro. Vou ler todos os relatos de Patti Smith, juro. Na verdade, sempre desdenhei a artista, considerei americana demais, desgrenhada demais, outsider demais para o cenário underground-espetáculo em que cresci, onde todos crescemos “fantasiados de jovens”, com calças jeans desbotadas e cabelos assimétricos.

Vale dizer que eu resolvi ler Patti Smith na semana em que morreu Rita Lee, porque teria que esperar alguns dias antes de ler o livro de Rita escrito após o isolamento da COVID, em 2021.

A morte de Rita me deixou desolada e com saudade, como dizer, de coisas que não voltarão jamais. Não é infância, é uma sensação…

Descobri uma Patti muito mais família e sóbria que Rita, enquanto crescia lindamente (como a brasileira), no pós-guerra entre uma família pobre de quatro irmãos em New Jersey, até descambar para New York ainda muito jovem, com um livro de Rimbaud na bagagem.

E aí é história e só vale dizer que é certo considerar Patti Smith como poetisa, do jeito como aparece na descrição da Wikipedia.

Desde então, retomei um hábito perdido. Reler poesia doidamente. Patti Smith veio de uma família católica, assim como Mapplethorpe, e essa semana foi a de Pentecostes. A poesia tem a ver com o Espírito Santo, com a luz que transforma ignorância em compreensão, que traz clareza ao que está apenas sugerido nas imagens, nas palavras. E então…

“Espírito do ar, vem,

vem depressa,

O invocador te chama.

Vem, e purifica esta terra.

Espírito do ar, vem,

vem depressa.

Levanto-me:

é no meio dos espíritos que eu me levanto.

Os invocadores me protegem,

conduzem-me por entre os espíritos.

Criança, criança, grande criança, levanta-te e vem,

grande criança, pequena criança,

aparece entre nós.”

Herberto Helder, “O Bebedor Nocturno”

ARTE,AMOR E FÉ NO JAPÃO PÓS-GUERRA

Esta semana, anunciaram a morte do escritor japonês Kenzaburo Oe (1935), ganhador do Nobel que eu aprendi a admirar quando comecei a ler traduções em inglês de autores asiáticos. Motivo: achei os textos mais fáceis de entender em inglês. Virou mania.

Sua editora, Kodansha, anunciou a morte na segunda-feira. Não especificou uma causa ou disse onde Havia morrido. Ele tinha 88 anos.

Eu conheci recentemente o sr. Oe embora tenha lido o primeiro livro em que se destacou, quando era ainda estudante na Universidade de Tóquio no final dos anos 1950 e ganhou um importante prêmio literário de contos.

Embora ele sempre dissesse que escrevia pensando apenas no público japonês, a partir dos anos 1960, sr. Oe atraiu leitores internacionais.

É célebre por três obras em particular: “Hiroshima Notes”, uma coleção de ensaios sobre as consequências de longo prazo dos ataques com bombas atômicas; e os romances “A Personal Matter” e “The Silent Cry”, que tiveram sua gênese em uma crise para ele e sua esposa, o nascimento de um filho com o crânio deformado.

ORIGEM

O sr. Oe, um prodígio de uma remota aldeia na floresta na ilha ocidental de Shikoku, tornou-se o jovem escritor japonês mais importante de seu tempo. Mas, por volta dos 20 anos, ele estava profundamente deprimido, pensando em suicídio, porque não via nenhum caminho a seguir em sua escrita.

Então, em 1963, ocorreu uma confluência de eventos que mudariam sua vida. Em junho daquele ano, seu primeiro filho nasceu com uma grande massa saindo de uma lesão no crânio. Sem cirurgia, disseram os médicos, o menino morreria. Com a cirurgia, ele teria graves deficiências mentais.

A princípio, o sr. Oe só queria fugir, e fugiu. Enquanto o bebê de uma semana estava internado em um hospital, ele aceitou um trabalho jornalístico para cobrir uma conferência antinuclear internacional em Hiroshima.

Em uma entrevista concedida em 1995 à revista New Yorker, ele disse: “Eu estava fugindo do meu bebê. Foram dias vergonhosos para eu lembrar. Eu queria fugir para algum outro horizonte.”

O sr. Oe começou a entrevistar os sobreviventes da explosão 18 anos antes e começou a ganhar coragem com o exemplo deles. Eles não queriam ser “um conjunto de dados de vítimas”, como escreveu na introdução de “Hiroshima Notes”. Eles queriam viver suas vidas como indivíduos livres. Ele conheceu mulheres que escolheram ter filhos independentemente do risco de as crianças desenvolverem leucemia e morrerem, e encontrou muitos heróis tranquilos que, escreveu, “não cometeram suicídio apesar de tudo”.

Ele foi especialmente influenciado pelo dr. Fumio Shigeto, diretor de um hospital de bombas atômicas de Hiroshima e ele próprio um sobrevivente, que se tornou um dos primeiros a entender a doença da radiação. Na entrevista ao The New Yorker, o Sr. Oe relembrou uma história que o dr. Shigeto lhe contou sobre um jovem médico que se desesperava em ser útil contra um sofrimento tão avassalador. O médico disse que respondeu: “Se houver pessoas feridas, se estiverem com dor, devemos fazer algo por elas, tentar curá-las, mesmo que pareça que não temos método”.

Ao ouvir isso, o sr. Oe disse: “Senti uma grande vergonha por não estar fazendo nada por meu filho – meu filho, que estava calado e não conseguia expressar sua dor ou fazer qualquer coisa por si mesmo”.

Ele voltou para Tóquio e escolheu a cirurgia para a criança, que se chamava Hikari – japonês para “luz”.  Hikari sobreviveu, embora precisasse de cuidados perpétuos e não progredisse além do nível de uma criança de 3 anos em muitos aspectos, disseram os médicos.

AMOR ESPECIAL

Quando Hikari completou 6 anos, algo extraordinário aconteceu. Durante um passeio com seus pais, Hikari ouviu o canto de um pássaro e imediatamente o identificou. Seus pais ficaram tão maravilhados, que resolveram comprar uma porção de CDs com cantos de pássaros e também contrataram uma professora de piano para que Hikari pudesse se expressar através da música.

Em vez de falar, Hikari começou a expressar seus sentimentos através das suas composições musicais. Sim, aquele que os médicos disseram que seria um “vegetal” para o resto da sua vida, tornou-se um músico e compositor conceituadíssimo no Japão. Seu primeiro CD vendeu mais de um milhão de cópias nos primeiros anos de lançamento. Embora esteja em francês, este vídeo mostra o trabalho de Hikari e seus pais.

Vale também a pena conhecer a música de Hikari Oe.

EM BUSCA DA FALA PERDIDA

Eu tenho saudade do jeito de falar do meu pai. A mãe dele descendia de indígenas e ele herdou dela um hábito de usar onomatopeias no meio de conversas, maneira de argumentar ou descrever situações do dia a dia. Era assim: “o passarinho arrulhava chamando. Quando cheguei….vruuummm, sumiu!”, referindo-se ao voo do bicho. Ou então: “Gosto mesmo é de pilorda, referindo-se à mistura de arroz e feijão no prato. As palavras do meu pai incluíam ruídos, sons da natureza ou da cidade, a voz humana livremente interpretada.

Já minha mãe adorava jogos de palavras. Assim, se a palavra correta era, por exemplo, calúnia, se quisesse fazê-la rir, era só substituir o termo por calunga. Pronto. A cara feia ia embora. Minha mãe sempre caía na risada. Ela tinha um mote em dia de muito trabalho: “a gente loita, laboita, e ninguém ouxoleia”, que significa “a gente luta, labuta e ninguém elogia”, referência de um antigo programa de humor no rádio ou primórdios da TV no Brasil.

Acredito que o jeitão de falar desaparece em menos de cem anos, seja ou não gravado. As gerações passadas levam embora também as palavras. E fica o silêncio.

Tudo isso para falar da minha grata surpresa em descobrir os romances históricos de Marguerite Yourcenar (1903-1987). Já tinha lido romances históricos antes, notadamente os de Gore Vidal, Juliano (1964), sobre um imperador romano, e Criação (1981), sobre Ciro, neto do profeta Zoroastro, história ambientada no século 5 a.C.

Fiquei impactada com o rigor do texto da belga ao reproduzir as palavras dos personagens de A Obra em Negro (1968). A impressão foi forte e eu fui atrás de um texto em que a escritora explicasse como restaurar falas desaparecidas no tempo. Achei uma reunião de crônicas dela, O tempo: esse grande escultor (1983).

Ela escreveu: “Não se tem chamado suficientemente a atenção para o fato de que, embora nos tenha restado enorme massa de documentação escrita e visual do passado, nada no entanto nos sobrou de suas vozes antes do advento dos primeiros e fanhosos fonógrafos do século XIX. Mais que isso, em tudo quanto respeita à representação da palavra, nada ou quase nada se fez antes de certos grandes romancistas ou dramaturgos do século XIX.” (Yourcenar, Marguerite. O tempo, esse grande escultor (p. 21). Nova Fronteira. Edição do Kindle)

Ela cita exemplos na literatura, como os últimos pensamentos de Ana Karenina antes do suicídio ou as sensações do príncipe André, ferido em Austerlitz. Mas os trechos de Liev Tolstoi, diz Yourcenar, referem-se a palavras não pronunciadas, pensamentos que se formam em nós sob o impacto imediato do acontecimento.

No livro, ela até brinca com frases do cinema em Hollywood – como no filme Spartacus: “acho que estou esperando um bebê”, frase improvável que ela usa para ironizar roteiristas. Sabe-se, por exemplo, que Gore Vidal flertou com estúdios de cinema. Entre idas e vindas, teria escrito uma versão do roteiro do filme Ben-Hur (1959).

Lendo, descobrimos que a tremendamente culta Marguerite Yourcenar teria buscado na elaboração de seus romances as mesmas fontes do intelectual francês Michel Foucault (1926-1984) : “Há, por sorte, documentos subliterários (…) que não sofreram a filtragem ou a montagem inseparável da literatura. Considerados legais, decretos, como o senatus-consulto punindo de morte a participação nas Bacanais, que nos fazem provar brutalmente o terror dos implicados; cartas particulares que nos fornecem o tom de um estudante desculpando-se por haver desmantelado o carro da família ou de um soldado que pede a seus familiares que lhe enviem um embrulho; cartas de Cícero ou de Plínio, mais conscientes de pertencer ao “gênero epistolar”, que nos ensinam algo das mensagens trocadas entre os membros da boa sociedade; graffiti que contêm o eco garatujado das expressões e dos gritos de exclamações de rua. Vozes vindas do passado, algumas das quais quase em estado bruto, cada uma delas nos provocando um ligeiro estremeção de imprevisto, mas nada que me tivesse permitido recriar com um mínimo de plausibilidade que seja uma troca de expressões sérias, urgentes, sutis ou complexas, (…) Nada, ou quase nada, nos resta dessas inflexões, desses quartos de tom ou desses semi sorrisos falados que no entanto mudam tudo.” Yourcenar, Marguerite. O tempo, esse grande escultor (pp.24-25). Nova Fronteira. Edição do Kindle.

E as descrições de paisagens inspiradas em mapas antigos? Passeio em um playground do tempo. Boas notícias, Margarete é uma delas. Até mais. Fui!